Alma de agricultora ou as coisas que nos correm no sangue

Os meus avós eram todos agricultores. Cresci com os Verões cheios de apanhas de batatas, cegadas, malhadas, apanhar o feno. Havia vindimas e apanhas de maçãs. Era simplesmente assim e eu gostava de fazer parte daquilo. Nunca me afastei completamente mas se calhar durante uns anos não liguei muito. Até há meia dúzia de anos acho eu. O meu irmão começou a aparecer na aldeia cheio de sementes e alfobre para a minha mãe pôr na horta. Eu ganhei o gosto de levar para casa cenouras que cheiram a cenouras. Hoje ele não falha quando toca a regar castanheiros no Verão e estrumá-los. E eu decidi comprar um soito que estava ao lado de um dos nossos.
Sim, eu comprei terra. Um soito. Que ainda conheço mal, confesso. Porque, verdade verdadinha, quem fez o negócio foi a minha mãe. E ela e o meu tio já se fartaram de trabalhar lá. Limparam o cancro dos castanheiros, limparam e vedaram o poço, limparam as extremas. E plantaram árvores. Basicamente todas as árvores de fruto que aqueles dois se lembraram e que se dão lá na zona. Caramba, até um medronheiro (até agora só conhecia lá um) me plantaram porque sabem que eu gosto de medronhos!
Este ano vou ter castanhas. Minhas. Não que as do terreno da família não sejam, mas estas são minhas. E até já tenho maças de umas árvores que já lá estavam. 5 caixas de maças. Acreditem que é muita maçã. Até podem ter um bocadinho de bicho que não as enchemos de químicos, mas estão lá. As minhas maçãs. E esta coisa da terra vai crescendo.... Não fosse a minha aldeia tão longínqua e não sei se hoje morava em Londres. Se calhar sim porque acho que a meu tempo de mudar para a aldeia ainda não chegou. Mas gosto do conceito de ter terra, aquela coisa que não se cria mais e da qual se pode viver. Quando se mora numa cidade que de vez em quando tem uns ataques terroristas, sabe bem saber que há um cantinho do mundo onde me posso refugiar.
E pronto, deixo-vos com a foto das minhas maçãs. Que vos garanto são de certeza saborosas!

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